Até me matares... O segurança continua a revistar-te

Eu sei que podias estar Aqui
e Agora comigo
Mas as cancelas não deixam tu entrar
Apitam quando tu tentas passar

O segurança vai ter que te revistar
O que tens tu
para não te deixarem entrar?

Dá-me tudo.
Liberta-te do que trazes vestido.
E tenta passar mais uma vez pelas cancelas.

O que falta
O que trazes contigo
para as cancelas apitarem?

Eu estou a observar-te
Dá-me tudo.
Perde-te para o lado de cá.
Piii...Pi..

Agora e aqui,
junto de mim.

Pi piiii piii...

RVR

Até me matares...Há mais um pôr do sol

É fim de tarde de Verão
E o sol quase..
a deitar-se sobre o mar.

E eu quase..
a deitar-me sobre ti
Enquanto mais ondas
caem nos meus pés
E
A seguir nos teus.

São esbeltas as sombras
que figuram na areia borratada 
pelos nossos 'éssesss'..

Por isso em 'ésse'
Hoje, 
Tu não tens pressa,
Hoje,
Tu tens tempo.
...

Mais ondas caem e tropeçam
sobre nós dois.
Há sempre mais.

Mais dois.

RVR

Até me matares... Há dias que me deixas só

Hoje é um desses dias.

Espero que a ausência,
não seja significado de vacilo.
A ausência pode tornar-se ausente.
Ao vacilar, ela crescerá.

Coração 
que deixa de bombear..
Sangue para sobreviver
Ele colapsa,
o cérebro. 
deixa de pensar.

Terrível. é a ausência.

de poder dizer - "amo-te".

RVR

Até me matares... Mais uma noite nos acende

É noite,
Eu a pousar para ti
...
Tu ao longe com o cavalete de madeira
a tela preta e o giz na tua mão.

Só nós e o movimento
a leveza da tua mão.

As linhas do meu corpo
desenhadas pela tua mão
esboçam
e dão luz àquela preta tela.

O meu desejo transborda 
no chão
e, a tua mão rasga a tela.

continuo a pousar para ti.


RVR

Até me matares... Há autocarros que passam

Hoje, apenas os nossos olhares em milisegundos se cruzaram.
Sem fazer qualquer rotação do esqueleto para sorrir ou abraçar.
Hoje, parecemos distantes. 

Os autocarros passaram e, não pararam.
Temos que ir a correr até à próxima. 

A distância será curta!



RVR

Até me matares.. Há chuva que cai

Hoje, fim de tarde.
eu sentada no chão acalorado de alcatifa,
encostada à janela de vidro.
E tu, em pé na varanda,
encostado à janela transpirada da chuva.

Dois mundos
unidos por uma janela,
nada mais.

Quatro olhos
seduzidos pelo suor embebido,
nada mais.

Dez dedos
desenhando movimento contra,
nada mais.

Mais dez...

enevoaram-na.

Anoiteceu,
Tu agora sentado no mármore aquecido
e eu, em pé envolvida na cortina suada.

Ainda chove,
nada mais. 



RVR